sábado, 27 de outubro de 2007

a arte de ser invisível II

as vezes parece que ela anda procurando. que anda sem rumo pelos caminhos que acha provável encontra-los.

quase um mês atrás deu sorte. já estava indo embora quando, ao olhar para a direção aposta a que ela se dirigia, o viu conversando com alguém. ele usava aquela camiseta do time dele de outro estado, que foi tantas vezes motivo de briguinhas besta entre os dois. não pode conter o riso.

ficou rindo só, observando de longe. ficou prestando atenção nos seus gestos, tentando ver as expressões no rosto, mas estava longe demais. já tinha resolvido ficar ali por mais um tempo, afinal, não tinha presa, mas por um instante teve a impressão que ele olhava diretamente pra ela. então teve medo que eles estivesse mesmo vendo ela, com aquela cara de idiota, observando ele e teve medo do que ele ia pensar.

ele então foi embora, insatisfeita, queria ter ficado mais. não sabia porque, mas ele tinha esses efeitos incomuns sobre ela. no caminho viu sua segunda vitima sentado com os amigos e conversando. ela sempre achava ele tão diferente quando estava com os amigos, principalmente sem ela. quis ficar observando ele também, mas não tinha de onde ficar de longe sem que ele ou um dos amigos a visse. então passou direto, fingiu não ter visto e foi embora..

depois, já longe dos dois, se encostou num muro e riu só, se achando estranha, idiota, patética até.
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outro dia estava numa fila e viu o primeiro de novo. dessa vez se controlou, buscou qualquer outra coisa pra distrai-la... não deu, desistiu de fila e foi embora, pra longe.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

a arte de ser invisível.

sobre os pequenos prazeres da vida...
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criei um novo hábito, acho que é algo meio doentio, ou então que outras pessoas veriam assim, mas, estranhamente, tem me dado algum prazer.

agora dedico pequenos pedaços do meu dia para, como quem não quer nada, "procurar" certas pessoas somente para observa-las. fico de longe, observando gestos e até expressões, se a distancia permitir, dessas pessoas que, significavam ou significam muita coisa pra mim.

as vezes tenho a impressão que fui flagrada, uma vez cheguei até a achar que me observavam de volta. mas interessante mesmo foi a vez em que fui descoberta, o sorriso doce que ele me deu e aquele aceno. por um instante achei que tinha voltado no tempo, para aquela "outra vida".

depois, pensando a respeito, me dei conta de como tive sorte. logo ele foi me descobrir. se fosse um dos outros eu não saberia o que fazer, nem o que dizer, mas com ele... não precisei dizer nada.

tem outra coisa que é quase um desses pequenos prazeres. mas, com esse, ainda tenho que aprender a lidar. sai tudo da maneira como eu gostaria, mas algo na finalização sempre dá errado. e eu fico com cara de idiota, claro, mas isso é outro assunto.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

não houve chuva.

veja você como são as coisas... mais uma vez ela havia pensado nele naquela mesmo dia, enquanto fantasiava sobre um olhar que recebeu de outro.

ela não tinha nada que estar ali naquele momento. devia estar na sala, mas ela não aguentou a aula, saiu para se esticar um pouco no corredor... pra variar não estava entendendo nadinha do que aquele professor dizia. andou meio perdida pelo corredor, entrou no banheiro só pra se olhar no espelho e quando estava voltando pra sala sentiu vontade de mascar chicletes, teve um pouco de preguiça, lembrou que quase não tinha dinheiro nos bolsos da calça. estava já desistindo quando o elevador se abriu na sua frente. ela entrou, antes que a preguiça a fizesse mudar de ideia.

saiu do elevador tirando as moedas do bolso. foi até o café e comprou dois chicletes. já estava voltando pro elevador quando o viu, mais uma vez de longe. dessa vez a primeira frase que veio a sua cabeça foi "sua idiota, por que não deixou o cabelo solto?", e os soltou num movimento rápido enquanto andava em direção a ele, dessa vez decidida, abrindo um sorriso sincero. assim que a viu ele retribuiu o sorriso, quando chegou perto ele lhe beijou as bochechas. ela, por alguma razão, não esperava que ele a beijasse.

mas uma vez foi ele que puxou assunto, perguntou de novo se ela já estava gazeando aula, ela negou, disse que tinha tido uma vontade de chupar chiclete, ele riu. perguntou pelas novidades, se estava estagiando... ela disse que não e brincou com ele, pedindo que ele arranjasse pra ela o tal estagio com o pai dele. ele contou que o pai estava doente na casa da família em outro estado, e que por ora estava morando só com o irmão. ela perguntou pelo irmão dele, quantos anos tinha, o que queria fazer depois que acabasse o colégio... falaram mais algumas besteiras, coisas comuns.
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ela perguntou o que ele ia fazer, ele a convidou para tomar um café com ele. ela negou, disse que tinha deixado o dinheiro na sala e que precisava voltar para a aula. se despediram e se foram, cada um pro seu lado.
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dessa vez não houve gentilezas demais, não houve promessas de "vamos marcar pra sair", nem chuva, nem cara de perdida. só um leve ar de riso no rosto dela e olhares pelo canto do olho, procurando por ele, quando ela voltou a descer.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

to feel

foi estranho, assim de súbito. acho que foi como ser um cego convivendo com pessoas perfeitamente normais. tinha os outros 4 sentidos extremamente aguçados, como se fosse pra compensar o sentido que faltava. mas eu via, a minha visão tava lá.

a visão não estava aguçada. acho que por que era o único sentido que consegui se realizar. o observava, acompanhava com os olhos seu perfil, assistia ele na penumbra, atentando pros detalhes, apesar de já conhece-los.

olfato, paladar, audição, tato, todo morriam de inveja. todos super aguçados, por alguma razão que eu não sei dizer ao certo. claro que tinha tudo a ver com ele. foi ele quem provocou tudo isso, foi ele quem me deixou assim. isso eu sei, mas não sei como. ele não fez nada demais, não foi diferente de outras vezes.

teria sido igual as outras vezes se não fosse pela vontade que me deu de o sentir. queria sentir seu cheiro, o gosto da sua boca, queria tocar seus braços, as costas, o peito, o cabelo, os lábios, ouvir sua voz sussurrando qualquer bobagem no meu ouvido..

consegui todos eles, de certa forma, mas nenhum na intensidade que eu queria. desejei beijos intermináveis, que a gente não conseguisse se larga e todo o resto. mas ficou só na vontade. o tato, o olfato, o paladar e a audição tiveram que se controlar. só a visão pode se realizar. observei seu sorriso, olhei demoradamente para aqueles olhos castanhos, pras marcas do rosto, os sinais. e foi só.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

encontros e desencontros

Ainda naquela tarde tinha pensado nele. Lembrou que dentro de algum dias ia fazer 3 ou 4 anos que passaram a noite juntos pela (primeira e) ultima vez, tentou lembrar quanto tempo fazia que não o via, mas não conseguiu.

Estava indo fazer alguma coisa sem importância no intervalo quando o viu, assim, meio de longe, numa roda de amigos tendo uma conversa animada com uma colega. Teve vontade de ir até lá, "só pra dar um oi" pensou, como se inventasse desculpas pra si mesma. Já ia ao seu encontro quando mudou de idéia.

Mas era tarde, ele já tinha visto ela. Sorriu daquele jeito de sempre, fazendo em seguida uma cara de confuso. Sem graça ela retribuiu o sorriso e deu um xauzinho pra ele de onde estava. Ele então caminhou ao encontro dela, ainda com a aquela cara de quem não estava entendendo, e a cumprimentou, deu um beijo no rosto dela e perguntou o que tinha sido aquilo. Com raiva de si mesma, pensando em como era idiota, tentou juntar umas palavras pra lhe explicar por que quase não foi falar com ele:

- Achei chato atrapalhar o papo.

Ele disse que era besteira dela, que ela não o atrapalhava. Ela sorriu ainda mais sem graça e ficou olhando pra ele, emudecida. Ele quebrou o silencio, quis saber como ela estava, o quê estava fazendo, porque já estava fugindo da aula... Esse tipo de coisa. Ficaram nisso por um tempo. Ele disse para marcarem pra sair, reunir a turma. Disse que a regra era que se ela conseguisse o tal emprego ia ter que sustentar os amigos, ela riu com ele, tentou barganhar...

Ele disse para eles manterem o contato, pra ela não desaparecer. Ela disse que quem desaparecia era ele. Riram juntos. Ele virou, procurou o grupo de amigos com olhos, disse xau mais uma vez e saiu. Ela ficou olhando ele ir embora, notou que começava a cair uma chuva fraca. Ela riu, dentro dela também chovia, chovia forte. Abriu o guarda chuva e continuo andando, tentando lembrar pra onde estava indo quando o encontrou. É, ele sempre a deixava perdida.

domingo, 22 de julho de 2007

meant to be?

lembra dos bilhetes durante as aulas chatas? e na sexta série, quando a gente passava a tarde no telefone falando daquela menina que a gente detestava, lembra disso? lembra daquela viagem do colégio que o teu tenis sumiu na piscina e eu fui contigo atrás da coordenadora pra reclamar? lembra de quando a gente saia fugido da aula particular pra comprar sorvete ou pirulito na padaria? e da gente ouvindo música dividindo o fone enquanto fazia os exercícios? e das diversas conversas sobre "boyzinhas", eu de dando conselhos do que fazer, te recriminado quando achava que você tava errado...

e do natal que você gastou todos os seus créditos comigo falando sobre coisas bobas como as luzinhas irritantes da árvore de natal da sua vô? e das várias mensagens que a gente trocou em janeiro, quando você tava na praia e eu aqui, e das ligações longas no domingo de madrugada, você lembra?

tem uma que me marcou. é bobo, mas eu achei tão lindo. lembra que disse pra ligar se quisesse conversar depois que meu namoro acabou e como na segunda feira depois disso falou que passou o fim de semana esperando eu ligar e perguntou por que eu não liguei?
diferente de agora, né?
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não queria, mas não tem como não parar pra pensar se não era pra eu ter seguido o plano original. ter tentado mais. eu sei que ele não era o que eu queria, que eu não sentia nada por ele, mas... talvez se eu tivesse dado mais um tempo, quem sabe ele não tivesse ajudado a te esquecer e as coisas entre nos ainda estariam como antes: só amigos, mas bem.
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não quero me arrepender do beijo que eu te roubei (apesar de você dizer que foi mutuo), nem de ter te feito me seguir pra longe de todo mundo e de não te deixar ir embora até que você me beijasse, nem da gente se beijando "escondido" enquanto todo mundo cantava parabéns naquela festa, nem de ter aceitado quando você me pediu em namoro daquele jeito tão pieguinhas e, muito menos, dos últimos meses, mas... tá mais difícil do que eu imaginava.
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;~

terça-feira, 3 de julho de 2007

to who it may concern.

Esse é meu quarto blog, se não me engano, mas vai ser o primeiro no qual não vou me identificar de modo algum nem dar o endereço para nenhum dos meus amigos.

A idéia é falar abertamente tudo que me der na telha, escrever sobre coisas que nunca falei a ninguém ou que falei, mas preferi omitir com medo da reação das pessoas, escrever tudo que eu queria dizer a alguém mas não consigo... Esse tipo de coisa, sabe?

Não é que eu tenha várias histórias cabeludas ou que tenha vergonha de todo mundo, só não consigo dizer tudo que quero. Sempre tem alguma coisa que termino guardando só pra mim, ainda que a contra gosto, seja por que não sei como dizer, por que acho que é desnecessário pra eles ouvir, por que sei que não vão me compreender, por que acho que vou entediar os outros com minhas besteiras e outras mil razões que eu poderia listar aqui, mas não vale a pena.

Quanto ao titulo do blog, bom, meu conformismo é super presente na minha vida, talvez até um traço marcante da minha personalidade. Não sou particularmente fã dessa característica, mas tenho que admitir que, as vezes, ela é muito útil.

Bom, é isso.
Espero que gostem ;]